domingo, 30 de março de 2014

Biologia- Obtenção de Matéria 

3.1. Estrutura da Membrana Plasmática 

O modelo de estrutura da membrana, proposto por Singer e Nicholson, é o atualmente mais aceite. O modelo de mosaico fluido é unitário pois aplica-se a todas as membranas existentes nas células. De acordo com ele, a membrana é constituída por:
· Bicamada fosfolipídica, com as extremidades hidrofílicas das moléculas a formarem a face interna e externa e as hidrofóbicas a ocuparem o interior;
· Proteínas que, de acordo a sua posição na bicamada, são designadas por proteínas intrínsecas, inseridas na dupla camada, e proteínas extrínsecas, situadas na superfície interna e externa;
· Colesterol, situado entre as moléculas de fosfolípidos da bicamada; tem um papel estabilizador da membrana, pois evita que os fosfolípidos se agreguem, mantendo a sua fluidez;
· Glicolípidos e glicoproteínas, localizados na superfície externa da bicamada. Estas moléculas desempenham um papel importante no reconhecimento de certas substâncias pela célula.



O modelo de mosaico fluido é assim chamado devido ao facto de admitir que a membrana não é uma estrutura rígida, existindo movimentos das moléculas que a constituem, dotando-a, assim, de grande fluidez. Verifica-se que as moléculas fosfolipídicas têm grande mobilidade lateral, trocando de posição com outras que se encontrem na mesma camada. Ocasionalmente, podem ocorrer movimentos transversais de fosfolípidos de uma camada para a outra.





3.2. Movimentos Transmembranares 
3.2.1. Osmose 

O movimento de água através da membrana citoplasmática designa-se osmose.
A osmose é o movimento de moléculas de água de um meio menos concentrado (meio hipotónico e com menor pressão osmótica) para um meio mais concentrado (meio hipertónico e com maior pressão osmótica). Quando os meios possuem igual concentração (isotónicos), estabelece-se uma situação de equilíbrio em que o fluxo de água que entre nas células é igual ao fluxo de saída.
Na sequência dos movimentos osmóticos, a célula pode:
· Perder água, diminuindo assim o seu volume celular.
Nessa situação, a célula diz-se plasmolisada ou no estado de plasmólise.
· Ganhar água, aumentando assim o seu volume celular e aumentando a pressão sobre a membrana/parede celular (pressão de turgescência). Neste caso, a célula diz-se túrgida ou no estado de turgescência.

No caso das células animais, a turgescência pode conduzir, em situação-limite, à ruptura da membrana celular (lise celular). Isto não acontece nas células vegetais pois possuem uma parede celular rígida.
Este processo não gasta energia. Diz-se, por isso, que é um transporte passivo.


3.2.2. Difusão Simples 
O movimento de outras substâncias através da membrana celular designa-se difusão simples. Neste processo de transporte, as moléculas de um soluto (C , ureia, etc.) deslocam-se do meio de maior concentração para o meio de menor concentração (a favor do gradiente de concentração). A velocidade de movimentação de soluto é directamente proporcional à diferença de concentração entre os dois meios. Neste processo não há gasto de energia – transporte passivo.



3.2.3. Difusão Facilitada 
A difusão facilitada deve-se à existência de proteínas transportadoras na membrana, que promovem a passagem de moléculas. As proteínas são específicas para cada tipo de substância e denominam-se permeases. Neste processo de movimentação de solutos, as moléculas deslocam-se do meio de maior concentração para o meio de menor concentração (a favor do gradiente de concentração) com intervenção das permeases.
A velocidade de transporte da substância:
· Aumenta com a concentração de soluto;
· Mantém-se quando todos os locais de ligação das permeases estão ocupados (saturação), mesmo que a concentração aumente – velocidade máxima.

Não há gasto de energia – transporte passivo.


3.2.4. Transporte Activo 
Apesar dos processos de transporte passivo de substâncias através da membrana celular, a célula também pode manter várias substâncias no seu interior, em concentrações muito diferentes das do meio. Esta manutenção implica gasto de energia. Essa energia é utilizada para o movimento de substâncias contra um gradiente de concentração, através de proteínas transportadoras, num processo designado transporte activo.
Então, as moléculas de um soluto (Na+, K+) deslocam-se de um meio de maior concentração para um meio de menor concentração (contra o gradiente de concentração) com intervenção de proteínas transportadoras – as ATPases.
Este processo mantém um gradiente de concentração entre os meios intracelular e extracelular e implica gasto de energia (ATP).




3.3. Transporte de Partículas – Endocitose e Exocitose 
Por vezes as substâncias que a célula precisa no seu interior são demasiado grandes para passarem através da membrana citoplasmática. O transporte deste tipo de material para o interior da célula por invaginação da membrana celular chama-se endocitose. Existem vários tipos de endocitose, como a fagocitose, a pinocitose e a endocitose mediada por receptores.
Na fagocitose, a célula emite prolongamentos citoplasmáticos, os pseudópodes, que envolvem partículas de grandes dimensões ou mesmo células inteiras, acabando por formar uma vesícula que se destaca para o interior do citoplasma.
Na pinocitose, a membrana celular, por invaginação, engloba fluido extracelular contendo ou não pequenas partículas. Esta invaginação evolui para a formação de pequenas vesículas endocíticas.


Na exocitose, a célula liberta para o meio extracelular produtos resultantes da digestão intracelular ou moléculas sintetizadas no seu interior, tais como produtos de metabolismo celular, certas secreções (hormonas e enzimas) e proteínas estruturais (colagénio). Neste processo as vesículas de secreção convergem para a membrana, fundem-se com ela e libertam o seu conteúdo no meio extracelular.




3.4. Digestão Intracelular 
A digestão intracelular ocorre no interior das células, através da acção de enzimas contidas em vacúolos digestivos. As proteínas enzimáticas sintetizadas nos ribossomas no retículo são transportadas até ao complexo de Golgi de duas formas: deslocam-se através dos canais do retículo endoplasmático até ao complexo de Golgi ou são armazenadas em vesículas que se destacam do retículo e que se fundem com o complexo de Golgi. No interior do complexo de Golgi, as proteínas enzimáticas, tais como outras que aí são processadas, sofrem maturação, o que as torna funcionais, acabando por ser transferidas para vesículas designadas lisossomas.
A digestão intracelular ocorre no interior de vacúolos digestivos, que resultam da fusão dos lisossomas com vesículas endocíticas ou com vesículas originadas no interior do citoplasma. Por acção das enzimas digestivas, as moléculas complexas existentes no interior dos vacúolos digestivos são desdobradas em moléculas mais simples. Os resíduos resultantes da digestão são eliminados para o meio extracelular por exocitose.



3.5. Ingestão, Digestão e Absorção 
O processamento dos alimentos até que estes possam fornecer os seus constituintes para que sejam utilizados pelas células engloba a ingestão, a digestão e a absorção:
· A ingestão consiste na entrada dos alimentos para o organismo;
· A digestão é o conjunto de processos que permite a transformação de moléculas complexas dos alimentos em moléculas mais simples;
· A absorção consiste na passagem dos nutrientes resultantes da digestão para o meio interno.

A hidra e a planária possuem tubos digestivos incompletos, isto é, com uma só abertura, designada cavidade gastrovascular. Nestes casos, a digestão inicia-se na cavidade gastrovascular – digestão extracelular – onde são lançadas enzimas que actuam sobre os alimentos e os transformam em partículas simples.
As partículas parcialmente digeridas são depois fagocitadas por células que continuam a digestão dentro de vacúolos digestivos – digestão intracelular – ocorrendo a difusão das moléculas simples para as restantes células do organismo.
Alguns mecanismos adaptativos são a presença da faringe que permite à planária captar os animais de que se alimenta e a maior área de digestão e de absorção da planária resultante da ramificação da cavidade gastrovascular, que permite uma distribuição eficaz dos nutrientes por todas as células.




A minhoca e o Homem possuem um tubo digestivo completo, isto é, com duas aberturas – a boca, por onde entram os alimentos e o ânus que é por onde eles saem.
Na minhoca, o alimento entra pela boca, passa pela faringe, pelo esófago e deste para o papo, onde é acumulado e humidificado. De seguida, passa para a moela, onde é triturado com a ajuda de grãos de areia. O alimento fraccionado por digestão mecânica segue para o intestino, onde:
· Sofre a acção de enzimas que completam a digestão;
· Ocorre a absorção de substâncias mais simples.

Os resíduos alimentares são eliminados pelo ânus.
No tudo digestivo do Homem, bem como em todos os vertebrados, cada uma das áreas é especializada numa etapa particular do processo digestivo, realizando-se a maior parte deste no estômago e no intestino delgado.
· Na boca, por acção dos dentes e da saliva, inicia-se a digestão mecânica e química;
· No estômago e no intestino delgado são produzidas enzimas específicas, ocorrendo também aqui a digestão mecânica e química;
· No intestino delgado são lançados ao mesmo tempo o suco pancreático e a bílis, provenientes, respectivamente, do pâncreas e do fígado (glândulas anexas).
· No intestino delgado, após terminar a digestão, inicia-se a absorção, facilitada pela existência de projecções ricamente vascularizadas da superfície intestinal que aumentam significativamente a área da superfície de absorção. Por difusão ou transporte activo, os diferentes nutrientes atravessam as membranas das células da parede intestinal e dos capilares sanguíneos ou linfáticos.
· O material não absorvido passa para o intestino grosso, onde ocorre absorção de água antes da sua eliminação pelo ânus.

As características de um tubo digestivo completo são o maior e mais eficaz aproveitamento dos alimentos, dado que estes se deslocam num único sentido, permitindo uma digestão e uma absorção sequenciais ao longo do tubo, a existência de vários órgãos, onde pode ocorrer digestão por acção mecânica e química (enzimas digestivas), a maior capacidade de absorção, uma vez que esta pode ocorrer em diferentes zonas do tubo, a eficiente eliminação através do ânus, dos resíduos alimentares não absorvidos e a possibilidade de armazenamento de maior quantidade de alimento
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